Consegui
correr até a sala do pai de Mel, me ocorreu que seria um pouco muito sem noção
da minha parte invadir, e me encaveirar mais do que já estava. Então fiquei ali
ouvindo atrás da porta e...
-
...ele não é nada do que você pensa, e ele só me deu uma carona. Pai, o senhor
prefere acreditar na imprensa negra do que na sua filha?!
Então, um silêncio estranho. Fui me afastando devagar mas era tarde. Ele abriu a porta e eu tropecei
pra dentro.
-
Além de querer se aproveitar da filha dos outros ainda ouve conversas atrás da
porta, estagiário ?
Consegui dizer algo muito inteligente e convincente como:
-
Anh.. É.. Mals aê ?
Então Mel entrou na minha frente e encarou seu pai.
-
Pai, ele é boa pessoa. - Ela falou isso com os dentes fechados.
-
Bom, eu cansei de te avisar Melanie, cansei de tentar fazer você não estragar
sua carreira, agora é com você, só com você.
Ele saiu ruidosamente pelos corredores.
-
Seu pai te demitiu ?
-
Típico dele.
Ela passou por mim, e entrou numa sala, que devia ser dela. Então, pra
minha não alegria, alguém falou atrás de mim:
-
Se você for bom em desafios, vai tentar algo com ela. Mais, se for desastrado e
mané, o que eu aposto que seja, vai desistir agora.
- Quem você ta chamando d... Anh,
Úrsola.
-
Você é um estagiário, ela a Mel Fronckowiak, muito gente boa, porém filho do
cara mais chato da face da Terra. Vai querer tentar algo com ela mesmo?
-
Eu não to tentando nada com ela, só somos ami... quase amigos.
-
Desiste. - ela piscou pra mim e saiu.
O que essa Dona Úrsola dona a gravadora queria tanto comigo? Não
entendia. Ela é legal, o problema é a inconveniência de... Enfim, eu fui atrás
de Mel.
Entrei na sala e ela não estava mais lá, havia um violão branco, e uma
decoração que certamente ela não devia gostar, era a cara dela,
literalmente.
Postêrs e quadros com ela em todo o canto, tudo dourado e branco, era
bonito, porém nada... Humilde.
Eu seria louco se pegasse aquele violão, e eu nunca disse que não sou
louco... Sentei no puff branco de camúrça e toquei um improviso, uma
música, falando sobre ''querer ser alguém''. Eu era bom em músicas sonhadoras.
Acabei e fiquei encarando o violão, então alguém entrou batendo palmas...
-
Eu não sabia que você tocava e cantava tão bem, de quem é essa música?
Eu fiquei alguns segundos olhando com cara de bobo aquele sorriso, como
sempre, e depois puis o violão no lugar e levantei.
-
Desculpa Mel, eu.. é.. só tava...
-
Ei! Se você mandasse mal eu te mataria, mais... Você é muito bom menino!
Eu não sabia o que dizer. Ta, eu nunca sabia o que dizer pra ela, mas,
dessa vez, foi diferente. Ela me olhando com aqueles olhos fulminantes, e me
elogiando... Não é todo dia que se recebe um elogio dessas de alguém como ela...
- Ahh, é... Obrigado.. Mas, sou só
um amador!
-
Um amador como eu era antes de meu pai me lançar. Quero te ajudar, o que
pretende pro futuro?
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